Autor
JORGE FRANCISCO MARTINS DE FREITAS
Excerto
Carlos Alberto Oliveira sobe, vagarosamente, a escadaria que conduz ao piso superior da velha habitação em pedra que havia sido construída pelos seus bisavós. Em baixo, no piso térreo, separado da zona habitacional por uma placa de solho, acabara de recolher os animais que, durante o dia, pastam pelos campos da sua pequena propriedade. Estes, para além de servirem de alimento e de força de trabalho, também contribuem, com o seu bafo, para o aquecimento do piso superior durante os rigorosos invernos que assolam a região.
Empurra a porta de entrada, acedendo à saleta, onde, entre arcas de roupa e cereais, uma velha mesa, ladeada de três bancos, ocupa uma posição privilegiada junto à janela.
Fatigado pelas duras tarefas campestres, o jovem agricultor senta-se num dos bancos, enquanto admira o sol ocultando-se, no horizonte, por detrás dos nevados cumes da Serra da Estrela. Mais perto dele, um pequeno aglomerado de casas sobressai no fundo da encosta salpicada por pequenas hortas em socalco. É a Aldeia Nova que, de recente, apenas tem o nome, pois a sua longevidade perde-se na noite dos tempos.
Um delicioso odor vindo da cozinha roça, com voluptuosidade, as suas narinas: Ana de Jesus, a irmã mais velha, está a cozinhar um aromático serrabulho, feito com lombo, sangue cozido e fígado, regado com um saboroso vinho e onde não falta o gorduroso unto de porco humedecendo o pão de trigo, tudo condimentado com sal, pimenta, cominhos, alho, louro e colorau. A velha panela de tripé em ferro fervilha, assente sobre o lume diariamente ateado na desgastada laje de granito existente na base da lareira.
Este excerto faz parte do livro de contos ENTRE PARAGENS, já disponível em livrarias de Portugal e do Brasil.
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Carlos Alberto Oliveira sobe, vagarosamente, a escadaria que conduz ao piso superior da velha habitação em pedra que havia sido construída pelos seus bisavós. Em baixo, no piso térreo, separado da zona habitacional por uma placa de solho, acabara de recolher os animais que, durante o dia, pastam pelos campos da sua pequena propriedade. Estes, para além de servirem de alimento e de força de trabalho, também contribuem, com o seu bafo, para o aquecimento do piso superior durante os rigorosos invernos que assolam a região.
Empurra a porta de entrada, acedendo à saleta, onde, entre arcas de roupa e cereais, uma velha mesa, ladeada de três bancos, ocupa uma posição privilegiada junto à janela.
Fatigado pelas duras tarefas campestres, o jovem agricultor senta-se num dos bancos, enquanto admira o sol ocultando-se, no horizonte, por detrás dos nevados cumes da Serra da Estrela. Mais perto dele, um pequeno aglomerado de casas sobressai no fundo da encosta salpicada por pequenas hortas em socalco. É a Aldeia Nova que, de recente, apenas tem o nome, pois a sua longevidade perde-se na noite dos tempos.
Um delicioso odor vindo da cozinha roça, com voluptuosidade, as suas narinas: Ana de Jesus, a irmã mais velha, está a cozinhar um aromático serrabulho, feito com lombo, sangue cozido e fígado, regado com um saboroso vinho e onde não falta o gorduroso unto de porco humedecendo o pão de trigo, tudo condimentado com sal, pimenta, cominhos, alho, louro e colorau. A velha panela de tripé em ferro fervilha, assente sobre o lume diariamente ateado na desgastada laje de granito existente na base da lareira.
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Um delicioso odor vindo da cozinha roça, com voluptuosidade, as suas narinas: Ana de Jesus, a irmã mais velha, está a cozinhar um aromático serrabulho, feito com lombo, sangue cozido e fígado, regado com um saboroso vinho e onde não falta o gorduroso unto de porco humedecendo o pão de trigo, tudo condimentado com sal, pimenta, cominhos, alho, louro e colorau. A velha panela de tripé em ferro fervilha, assente sobre o lume diariamente ateado na desgastada laje de granito existente na base da lareira.
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