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RECORDANDO O PASSADO NA NAZARÉ


Autor
JORGE FRANCISCO MARTINS DE FREITAS

Excerto

A silhueta escarpada, de contorno incisivo e agreste, que constitui o promontório sul da Nazaré, colmatada, a ocidente, por uma gigantesca rocha repousando a seus pés, é a recordação mais antiga que Gabriel detém desta estância balnear, por si reproduzida, dezenas de vezes, em desenhos infantis.

Uma aragem fresca sopra no topo da arriba virada a sul, envolta por inúmeras gaivotas esvoaçando ao sabor do vento.

Gabriel tenta ajeitar, com uma das mãos, os poucos cabelos brancos que lhe restam, enquanto se debruça sobre o muro, impecavelmente caiado, que separa o alto do promontório do precipício com 110 metros de altura, em cuja base se inicia a Praia de Banhos.

Ao longo dos anos, poucas alterações esta paisagem sofreu: estreitas ruelas ladeadas por casas de pescadores cujos telhados emprestam ao conjunto uma atraente tonalidade avermelhada, desembocam numa marginal de diminuta largura se comparada com a amplitude do extenso areal ponteado de toldos e barracas de pano que protegem dos raios solares os veraneantes que procuram esta praia.

Recordações de um passado já distante afloram-lhe à memória.

Nem um ano de vida completara quando, pela primeira vez, esteve na Nazaré. Os pais passavam, todos os anos, quinze dias de férias nesta praia, o que constituía, na época, um luxo não acessível a todos os lisboetas.

Recorda-se que os progenitores alugavam um toldo na praia de banhos e que inúmeros rapazes e raparigas conviviam, despreocupados, aproveitando uma das poucas oportunidades que lhe eram oferecidas de confraternizar uns com os outros, independentemente do sexo a que pertenciam, mas sempre sob a vigilância de pais e avós.

Este excerto faz parte do livro de contos ENTRE PARAGENS, já disponível em livrarias de Portugal e do Brasil.

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