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EFEMÉRIDES

Aconteceu a 11 de janeiro de 1890



Ultimato britânico a Portugal

A 11 de janeiro de 1890, o governo britânico entrega a Portugal um memorando exigindo a retirada das forças militares existentes no território compreendido entre Moçambique e Angola.

Esta zona era reclamada por Portugal, que a havia incluído no célebre Mapa cor-de-rosa.

Fonte: Diário Illustrado n.º 6027, de 12-01-1890, 19º ano de publicação, p. 2, col. 2

No final do século XIX, a Grã-Bretanha, a França e a Alemanha mostravam grande interesse pelo continente africano.

Portugal fora o primeiro país a contornar a África, possuindo, tanto na costa ocidental como na oriental, inúmeras feitorias costeiras e pequenos territórios à sua volta, o que, no seu entender, lhe dava o direito histórico de reclamar, para si, a soberania sobre vastas áreas do continente africano.

No entanto, Portugal apercebe-se que o direito histórico não seria suficiente para validar a posse dos territórios situados no interior de África, pelo que enceta planos destinados a promover a sua exploração.

Assim, em 1877, João de Andrade Corvo, Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, como primeiro passo para a tomada de posse efetiva dos territórios compreendidos entre as colónias de Angola e Moçambique, organiza três expedições lideradas respetivamente por Hermenegildo Capelo, Roberto Ivens e Serpa Pinto.

Perante os conflitos existentes na fixação das zonas de influência das diversas potências colonizadoras de África, é realizada, entre 1884 e 1885, a Conferência de Berlim, da qual resulta a partilha do continente entre as potências europeias e o estabelecimento de novas regras para a corrida a África.

Em 1886, como resultado das explorações realizadas pelos portugueses no interior de África, teria sido apresentado, na Sociedade de Geografia de Lisboa, um mapa de África no qual é representado a cor-de-rosa a pretensão de soberania de Portugal sobre um vasto território ligando o oceano Atlântico ao Índico, incluindo, para além de Angola e Moçambique, o espaço hoje ocupado pela Zâmbia, o Zimbábue e o Malauí.

Este mapa, divulgado internacionalmente em 1887, colidia com a pretensão da Grã-Bretanha de ocupar um larguíssimo corredor do interior africano, através do qual se propunha construir uma ligação ferroviária entre o Cairo e a cidade do Cabo.

A disputa entre os dois países culmina no ultimato britânico apresentado a 11 de janeiro de 1890: caso não fosse reconhecida a soberania do velho aliado sobre os territórios entre Angola e Moçambique, este declararia guerra a Portugal.

Na altura, a Grã-Bretanha era a nação mais poderosa do mundo, detendo uma eficiente marinha de guerra, enquanto Portugal, depauperado financeiramente, apenas possuía pequenas embarcações, pois já perdera, havia muito tempo, a grandeza marítima do passado.

Portugal vê-se obrigado a ceder, abandonando a sua pretensão sobre aqueles territórios, o que provoca uma humilhante imagem para o governo monárquico português, magistralmente descrita por Guerra Junqueiro em Finis Patriae.

Esta rebaixadora cedência é considerada um dos motivos que teriam levado, vinte anos mais tarde, à implantação da República Portuguesa.

Na sequência deste episódio histórico, Alfredo Keil compôs A Portuguesa, atual Hino Nacional.

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