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EFEMÉRIDES

Aconteceu a 20 de março de 1439



Nascimento de D. Joana de Avis, Rainha de Castela

A 20 de março de 1439, nasce, em Almada, a princesa portuguesa Joana de Avis.

Era filha do rei português Duarte I e de sua esposa, a infanta Leonor de Aragão, tendo nascido já depois da morte do pai, ocasionada pela peste que então grassava em Portugal.

Como era hábito na época, os casamentos dos príncipes e princesas eram realizados entre as várias casas reinantes, pelo que Joana de Avis era descendente:

Era, ainda, irmã de:

Até aos 7 anos de idade, foi criada pela sua mãe, a rainha regente D. Leonor de Aragão e, após o falecimento desta, pelo seu tio, D. Pedro, duque de Coimbra.

Quando D. Joana de Avis tinha 16 anos, o seu irmão D. Afonso V de Portugal casa-a com o seu primo Henrique IV de Castela, 14 anos mais velho.

Aquele monarca, cognominado “O Impotente”, trouxe um grande dilema a D. Joana de Avis: esta deveria dar um herdeiro a Castela, mas o problema físico do marido constituía um grande obstáculo a que tal sucedesse.

Joana de Trastâmara, filha de D. Joana de Avis, ficou conhecida pejorativamente por Joana a Beltraneja devido ao facto de alguns elementos da corte não a considerem filha de D. Henrique IV mas sim de Beltrán de la Cueva, alegado amante da rainha Joana de Avis.

Análises à múmia de Henrique IV, efetuadas no século XX1, vieram confirmar que o rei de Castela tinha, efetivamente, problemas disfuncionais que lhe provocavam a impotência.

A “Lei de Partidas” de Afonso X, o Sábio, autorizava os reis de Castela a usar todos os métodos que fossem necessários para resolver os seus problemas reprodutivos, pelo que uma eventual inseminação artificial poderia ter sido tomada em consideração.

Não devemos descartar todas as teorias – mesmo as mais polémicas – quando analisamos factos ocorridos no passado.

Um texto árabe datado de 1322, relata a técnica utilizada por um habitante do antigo reino da Núbia para inseminar artificialmente éguas, pelo que este método já era aplicado na época, pelo menos em equinos, não sendo de descartar a hipótese de ter sido experimentado em seres humanos2.

Joana de Avis poderá ter sido inseminada artificialmente, sob a supervisão de um médico judeu3, já que esse tipo de ”mestria” não era autorizado pela Igreja, explicando, assim, o facto de D. Henrique IV a ter considerado filha legítima, vindo a nomeá-la, em 1468, herdeira do Reino de Castela.

Na altura, era muito frequente os reis terem relacionamentos extraconjugais dos quais resultavam filhos considerados bastardos. No entanto, se qualquer rainha tivesse amantes, ficava muito mal vista perante todos.

Alguns autores deleitam-se a descrever eventuais relações extraconjugais que D. Joana teria tido, nomeadamente com Pedro de Castilla y Fonseca, que seria pai dos outros dois seus filhos:

Estas eventuais relações extramatrimoniais poderiam ser meros mexericos da corte, mas acabariam por levar D. Henrique IV a repudiar, em 1474, a sua esposa D. Joana de Avis.

Por ordem de D. Joana de Avis, a sua filha D. Joana a Beltraneja, na altura com cerca de 13 anos de idade, casa-se, em 1475, com o seu tio Afonso V de Portugal, viúvo de Isabel de Avis.

A 13 de junho de 1475, D. Joana de Avis morre em Madrid. Tinha, na altura, 36 anos de idade.

Guerra de Sucessão de Castela

Com a morte de Henrique IV, ocorre a chamada Guerra de Sucessão de Castela, entre os partidários de Joana, a Beltraneja e os apoiantes de Isabel, meia-irmã do falecido rei.

Para estes últimos, era necessário denegrir a imagem de D. Joana de Avis, apoiando os rumores de que a criança Joana por ela gerada, não era filha de Henrique IV, mas sim de Beltrán de la Cueva, pelo que esta não podia suceder a Henrique IV.

Isabel acabaria por ganhar esta contenda, ficando conhecida historicamente por Isabel, a Católica.

Notas

1 O corpo mumificado de Henrique IV foi examinado, em 1931, por Gregorio Marañón e, posteriormente, pelo urólogo Emilio Maganto Pavón. Este último descreve as enfermidades deste rei na sua obra “Henrique IV de Castilla (1454-1474). Un singular enfermo urológico”.

2 Emilio Maganto Pavón, na obra “Henrique IV de Castilla (1454-1474). Un singular enfermo urológico” cita uma prática de inseminação artificial rudimentar descrita pelo médico alemão, Hieronimus Munzer, despois de este ter viajado por Espanha e Portugal, entre 1494 e 1495.

3 A conceção sem cópula é conhecida pelos sábios judeus da antiguidade, tendo surgido pela primeira vez no século V d. C., no Talmud da Babilónia. Existem, igualmente, referências a este tema em obras de rabinos judeus dos séculos XIII e XIV da área mediterrânica.

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