A 25 de março de 1223, morre, em Coimbra, D. Afonso II, terceiro rei de Portugal.
Alguns historiadores consideram que a sua morte, aos 37 anos de idade, teria sido ocasionada pela lepra, dado um dos seus cognomes ter sido O Gafo. Outros investigadores acham que o óbito se ficou a dever ao seu excessivo peso, pois foi apelidado de O Gordo.
Havia nascido a 23 de abril de 1185, no mesmo ano em que o seu avô D. Afonso Henriques morreu.
Era filho de D. Sancho I e sua esposa, D. Dulce de Aragão.
Casou-se, em 1208, com D. Urraca de Castela, sua prima em 5.º grau, pois esta descendia de D. Afonso VI de Leão, trisavô de D. Afonso II.
Este parentesco tão próximo ia contra a lei canónica então vigente. O bispo do Porto opôs-se a este enlace, mas D. Sancho I, pai do noivo, desencadeou contra aquele prelado uma violenta resposta.
Subiu ao trono a 26 de março de 1211.
Durante os primeiros seis anos do seu reinado ocorreram conflitos violentos com a suas irmãs Mafalda, Teresa e Sancha a quem D, Sancho I havia concedido a posse dos castelos de Montemor-o-Velho, Seia e Alenquer, assim como dos rendimentos dos territórios sob a alçada destas fortificações. O Papa Inocêncio III interveio neste conflito, tendo D. Afonso II ficado na posse destes domínios mediante indemnização às suas irmãs.
Contrariamente ao que fizeram os seus antecessores, D. Afonso II não contestou as fronteiras de Portugal com a Galiza e Leão. Se excetuarmos Alcácer do Sal, este monarca não interveio diretamente na expansão para sul do território nacional. Porém, tendo em vista o fortalecimento do poder real, consolidou a administração do reino, encetando um combate constante contra as classes privilegiadas.
Assim, durante o seu reinado:
- Foram criadas as primeiras leis escritas, algumas da sua autoria;
- As cortes reuniram-se, pela primeira vez, em 1211, na cidade de Coimbra, tendo estado presentes representantes do clero e da nobreza;
- Em 1220, realizaram-se as chamadas inquirições, inquéritos feitos por funcionários régios para determinar a situação jurídica das propriedades, verificando a validade documental dos privilégios e imunidades dos proprietários.
Como atrás referimos, interveio na tomada aos mouros de Alcácer do Sal, mas, as restantes conquistas realizadas durante o seu reinado (Borba, Vila Viçosa, Veiros e, possivelmente, também Monforte e Moura) foram uma iniciativa levada a cabo por um grupo de nobres liderados pelo bispo de Lisboa.
Batalha de Navas de Tolosa. Pintura a óleo do século XIX, da autoria de F. P. Van Halen. Encontra-se patente no Palácio do Senado, em Madrid.
Enviou tropas portuguesas para, ao lado de castelhanos, aragoneses e franceses defenderem a Península Ibérica dos ataques encetados pelos muçulmanos. A batalha entre as duas forças ocorreu em Navas de Tolosa.
A sua tentativa de recuperar terras que os seus antecessores haviam entregue à Igreja, originou a sua excomunhão pelo Papa Honório III.
Aquando da sua morte, D. Afonso II ainda se encontrava excomungado.
Os seus restos mortais repousam no Mosteiro de Alcobaça, tendo sido o primeiro monarca a utilizar esta abadia como panteão real.
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