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EFEMÉRIDES

Aconteceu a 9 de abril de 1821



Nascimento de Charles Baudelaire

A 9 de abril de 1821, nasce, em Paris, Charles Baudelaire, poeta e teórico de arte francês.

Estuda no Colégio Real de Lyon e no Lycée Louis-le-Grand, de onde é expulso devido ao seu mau comportamento.

O seu padrasto, inquieto com a vida boémia que Charles levava, envia-o para a Índia. Este, porém, regressa, a meio do caminho, para Paris, onde fica a aguardar a maioridade para receber a herança do pai. A sua mãe consegue, através da justiça, que a fortuna a que este tinha direito, fosse controlada por um notário.

Em 1857, publica 100 poemas com o título As flores do mal, a sua mais notável obra.

Acusado de ultrajar a moral pública, os exemplares do seu livro são apreendidos, pagando o autor e a sua editora uma multa respetivamente de 300 e 100 francos.

Como a censura abrangia apenas seis poemas, este substitui-os por outros, que, no seu entender, eram «mais belos que os suprimidos».

Em 1863, escreve, no âmbito da teoria da arte, Le Peintre de la Vie Moderne,

Morre em Paris, a 31 de agosto de 1867.

Poemas escolhidos

Remorso Póstumo

Quando fores dormir, ó bela tenebrosa
Em fundo de uma cripta em mármore lavrada
Quando tiveres só por alcova e morada
O vazio abismal de carneira chuvosa;

Quando a pedra, a oprimir tua fronte medrosa
E teus flancos a arfar de exaustão encantada,
Mudar teu coração numa furna calada
Amarrando-te os pés na rota aventurosa,

A tumba, confidente do sonho infinito
(Pois toda a vida a tumba há de entender o poeta),
Pela noite imortal de que o sono é prescrito,

Te dirá: “De que serve, hetaira incompleta,
Não teres conhecido o que choram os mortos?”
E os vermes te roerão assim como os remorsos.


A Uma Passante

A rua, em torno, era ensurdecedora vaia.
Toda de luto, alta e sutil, dor majestosa,
Uma mulher passou, com sua mão vaidosa
Erguendo e balançando a barra alva da saia;

Pernas de estátua, era fidalga, ágil e fina.
Eu bebia, como um basbaque extravagante,
No tempestuoso céu do seu olhar distante,
A doçura que encanta e o prazer que assassina.

Brilho… e a noite depois! – Fugitiva beldade
De um olhar que me fez nascer segunda vez,
Não mais te hei de rever senão na eternidade?

Longe daqui! tarde demais! nunca talvez!
Pois não sabes de mim, não sei que fim levaste,
Tu que eu teria amado, ó tu que o adivinhaste!


O Vampiro

Tu que, como uma punhalada,
Entraste em meu coração triste;
Tu que, forte como manada
De demônios, louca surgiste,

Para no espírito humilhado
Encontrar o leito e o ascendente;
– Infame a que eu estou atado
Tal como o forçado à corrente,

Como ao baralho o jogador,
Como à garrafa o borrachão,
Como os vermes a podridão,
– Maldita sejas, como for!

Implorei ao punhal veloz
Que me concedesse a alforria,
Disse após ao veneno atroz
Que me amparasse a covardia.

Ah! pobre! o veneno e o punhal
Disseram-me de ar zombeteiro:
“Ninguém te livrará afinal
De teu maldito cativeiro.

Ah! imbecil – de teu retiro
Se te livrássemos um dia,
Teu beijo ressuscitaria
O cadáver de teu vampiro!”

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Estamos a reunir diariamente, num único local, os artigos sobre Literatura que têm vindo a ser publicados, com regularidade, no âmbito das Efemérides. Esta tarefa estará concluída a 31 de dezembro de 2022.




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