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Aconteceu a 17 de junho de 2009



Morte do maestro José Calvário

A 17 de junho de 2009, morre, em Oeiras, o maestro José Carlos Barbosa Calvário, considerado um dos melhores orquestradores e arranjadores de Portugal.

Como compositor, foi autor, entre outros clássicos, da música E Depois do Adeus, que serviu de primeira senha à revolução de 25 de Abril.

Fonte: Público n.º 7046 de 18-07-2009, Edição do Porto, Local, p. 25

Nascido no Porto, em 1951, inicia estudos musicais aos 5 anos, praticando piano.

Em 1957, executa o seu primeiro recital no Conservatório de Música do Porto.

Em 1961, com apenas dez anos de idade, dá o seu primeiro concerto, acompanhado pela Orquestra Sinfónica do Porto, dirigida pelo maestro Silva Pereira.

Os pais enviam-no para a Suíça, com o intuito de se licenciar em Economia mas o gosto pela música sobrepõe-se a todos os outros estudos, pelo que, em 1968, passa a fazer parte de uma Orquestra de jazz daquele país.

De regresso a Portugal, começa, em 1971, a trabalhar, em Lisboa, como arranjador e produtor musical.

O seu primeiro trabalho como arranjador recaiu na canção E Alegre se Fez Triste de Adriano Correia de Oliveira.

O tema Flor sem Tempo, da sua autoria, fica em segundo lugar no Festival RTP da Canção de 1971, interpretado por Paulo de Carvalho.

José Calvário passa a ser um nome conhecido no meio musical português, tendo o seu álbum Música Nova obtido, em 1971, um assinalável êxito.

No ano seguinte, participa novamente no Festival RTP da Canção, obtendo A Festa da Vida, da sua autoria, o primeiro lugar. O tema, interpretado por Carlos Mendes, fica em sétimo lugar no Festival Eurovisão da Canção, com 90 pontos, a nota mais alta que um músico português obtivera, até então, naquele festival.

No Festival RTP da Canção de 1973, o tema A rapariga e o poeta, por si musicado e interpretado por Tonicha, obtém o primeiro lugar. Nesse ano, lança um álbum com versões de 10 músicas que participaram naquele festival.

Vence novamente o Festival RTP da Canção, em 1974, com o tema E Depois do Adeus, interpretado por Paulo de Carvalho, que viria a constituir a primeira senha da Revolução dos Cravos. Nesse mesmo ano, lança o LP …E Depois do Adeus Festival.

Em 1977, o seu álbum The Best Disco In Sound, apresenta adaptações de clássicos portugueses:

• Lisboa Antiga (Old Lisbon)
• Coimbra
• Coisas Que Eu invento Nº 2 (Things to imagine N° 2)
• Canção Do Mar (Song of the sea)
• Lisboa À Noite (Lisbon by night)
• As Coisas Que Eu invento Nº 3 (Things to imagine N° 3)

Com a participação da Orquestra Filarmónica de Londres (The London Philharmonic Orchestra) lança Saudades em 1985 e Saudades Vol. 2 em 1986, iniciando uma estreita colaboração com aquela orquestra londrina, que se prolongaria por muitos anos.

Todas as bandas sonoras da série de animação Boa noite, Vitinho!, assim como o disco Cinema Português foram por si gravados, entre 1986 e 1992, dirigindo a atrás citada orquestra.

Compõe o seu primeiro concerto para orquestra em 1991.

Em 1993, surge Saudades Vol. III, igualmente com a Orquestra Sinfónica de Londres.

Um momento marcante da sua colaboração com a orquestra londrina ocorre em 1996, quando dirige aquele agrupamento instrumental interpretando músicas da autoria do guitarrista e compositor português António Chainho, natural do concelho de Santiago do Cacém, no Litoral Alentejano.

O album resultante deste concerto, The London Philharmonic Orchestra, contém as seguintes faixas:

Para além da sua longa colaboração com a Orquestra Filarmónica de Londres, dirigiu, igualmente, a Orquestra Sinfónica do Estado Húngaro (Magyar Állami Hangversenyzenekar), com quem gravou o álbum Mapas, lançado em 1996.

Com a Orquestra Sinfónica da República Checa, colabora, em 2001, no álbum Reserva Especial de Luís Represas.

A banda sonora do filme Kiss Me, de 2004, é da sua autoria.

No auge da sua carreira, José Calvário sofre, em novembro de 2008, um enfarte que o deixa em estado vegetativo.

Durante o Festival da RTP da Canção de 2009, é homenageado com um bailado inspirado nas suas inúmeras participações naquele evento musical.

A 17 de Junho de 2009, perece, em Oeiras, deixando para a posterioridade uma vasta obra discográfica e muitas saudades a todos que acompanharam, ao longo dos anos, a sua carreira.




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