A 5 de julho de 1955, nasce, na cidade da Beira, o escritor moçambicano Mia Couto.
Os seus pais, de origem portuguesa, deram-lhe o nome de António Emílio Leite Couto.
Para além da sua atividade como escritor, exerce a profissão de biólogo.
Na poesia, estreia-se com o livro Poesia - Raiz de Orvalho (1983); nos contos, com Vozes Anoitecidas (1986); nas crónicas com Cronicando (1988) e no romance, com Terra Sonâmbula (1992).
Livro Recomendado
Terra Sonâmbula
O livro Terra Sonâmbula retrata a história de Muidinga, um jovem que perdeu a memória após ter sido envenenado pela ingestão de uma mandioca brava e de Tuahir, um velho que passa a acompanhá-lo, assumindo o papel de figura paterna.
Ambos tentam fugir à guerra civil que atormenta Moçambique.
Durante a caminhada que encetam, deparam com um machimbombo (autocarro/ônibus) com vários corpos carbonizados. Junto a um deles, encontram alguns cadernos com relatos escritos por um garoto chamado Kindzu.
A partir daqui, o autor passa a inserir na narrativa a história da vida de Kindzu, intercalando-a com a de Muidinga e de Tuahir, constituindo uma outra história dentro da história que vinha sendo narrada.
Ficamos a saber que a mãe de Kindzu havia perdido todos os seus filhos com a exceção deste, acabando por o mandar embora em virtude de não lhe ter muita afeição.
Abandonado, Kindzu caminha sozinho pelas matas, tentando juntar-se aos Naparamas, guerreiros que lutam pelo país.
A certo momento da narrativa, Kindzu depara com um navio naufragado habitado por uma mulher chamada Farida, por quem se apaixona. Somos informados que ela tinha sido violada pelo próprio pai, gerando uma criança – Gaspar – que havia desaparecido, nunca mais tendo sido vista pela mãe.
Kindzu promete a Farida que haveria de encontrar o seu filho desaparecido, passando por várias aventuras nesse intento.
Os diversos personagens acabam por cruzar os mesmos caminhos, embora em tempos distintos, permitindo ao leitor aperceber-se de diferentes perspetivas sobre o cenário da guerra.
A destruição e o sentimento de desespero causado pela guerra está sempre latente desde as primeiras páginas, acabando por assumir um papel primordial em toda a narrativa.
Prémios
• Prémio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos, 1995
• Prémio Vergílio Ferreira, pelo conjunto da sua obra, 1999
• Prémio Mário António, pelo livro O último voo do flamingo, 2001
• Prémio União Latina de Literaturas Românicas, 2007
• Prêmio Passo Fundo Zaffari e Bourbon de Literatura, na Jornada Nacional de Literatura, 2007
• Prémio Rosalía de Castro do Centro PEN Galiza, 2008
• Prémio Eduardo Lourenço 2012, 2012
• Prémio Camões, 2013
• Neustadt International Prize for Literature, 2014
• França: prémio Albert Bernard com base na trilogia As areias do Imperador, 2021
Obras
Poesias
• Raiz de Orvalho, 1983
• Tradutor de Chuvas, 2011
Romances
• Terra Sonâmbula, 1992
• A Varanda do Frangipani, 1996
• Mar Me Quer, 1998
• Vinte e Zinco, 1999
• O Último Voo do Flamingo, 2000
• O Gato e o Escuro, 2001
• Um Rio Chamado Tempo, uma Casa Chamada Terra, 2002
• A Chuva Pasmada, 2004
• O Outro Pé da Sereia, 2006
• O beijo da palavrinha, 2006
• Venenos de Deus, Remédios do Diabo, 2008
• Jesusalém, 2009
• Pensageiro frequente, 2010
• A Confissão da Leoa, 2012
• Mulheres de cinzas (trilogia As areias do Imperador), 2015
• A Espada e a Azagaia (trilogia As areias do Imperador), 2016
• O Bebedor de Horizontes (trilogia As areias do Imperador), 2017
Contos
• Vozes Anoitecidas, 1986
• Cada Homem é uma Raça, 1990
• Estórias Abensonhadas, 1994
• Contos do Nascer da Terra, 1997
• Na Berma de Nenhuma Estrada, 2001
• O Fio das Missangas, 2004
Crónicas
• Cronicando, 1988
• O País do Queixa Andar, 2003
• Pensatempos. Textos de Opinião, 2005
• E se Obama fosse Africano? e Outras Interinvenções, 2009
Leia também
LITERATURA
Estamos a reunir diariamente, num único local, os artigos sobre Literatura que têm vindo a ser publicados, com regularidade, no âmbito das Efemérides. Esta tarefa estará concluída a 31 de dezembro de 2022.
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