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Aconteceu a 6 de agosto de 1966



Um dia histórico: inaugurou-se a Ponte

A 6 de agosto de 1966, num dia de sol radioso, é inaugurada, com pompa e circunstância, a Ponte sobre o rio Tejo, em Lisboa.

O Diário Popular dessa tarde escreve:

«A Ponte – a ponte sobre o Tejo, a maior da Europa e uma das maiores do Mundo, inaugurou-se hoje: foi dia de festa para o povo.»

Fonte: Diário Popular n.º 8552, de 06-08-1966, pp. 1, 8 e 9

A Ponte sobre o rio Tejo, em Lisboa, começou a ser construída a 5 de novembro de 1962.

Contrariamente ao que muitos afirmam, esta travessia não foi mandada construir por Salazar, pois este estava mais preocupado em manter Portugal financeiramente estável, evitando todos os gastos que pudessem ter impacto negativo na reserva de ouro do país, na altura uma das mais elevadas da Europa. Duarte Pacheco, provavelmente um dos melhores ministros das obras públicas que o país já teve, foi obrigado a insistir muito para conseguir que esta obra se realizasse, só tendo conseguido a autorização de Salazar alegando que as verbas necessárias viriam da banca internacional. Só nos anos 90 esta ponte ficou totalmente paga, mas os elevados custos de manutenção justificam, em parte, a continuação da existência de portagens.

Salazar nunca interveio diretamente na construção deste projeto, deixando para os engenheiros essa responsabilidade.

No dia da Inauguração, é atribuído à Ponte o nome de Salazar, mas, para os locais, esta obra sempre ficaria conhecida por Ponte sobre o Tejo ou, simplesmente por A Ponte.

Após a Revolução, esta estrutura é rebatizada Ponte 25 de Abril, continuando, no entanto, a ser popularmente conhecida como Ponte sobre O Tejo.

Apenas com a construção da ponte Vasco da Gama, um pouco mais a montante, é que o nome da antiga ponte se popularizou como Ponte 25 de Abril, para fazer a destrinça entre ambas.

A atribuição a infraestruturas de nomes relativos a pessoas ainda vivas corre sempre o perigo de um dia virem a ser alterados. Segundo consta, Salazar não viu com bons olhos que dessem o seu nome a esta ponte, alegando que um dia poderiam renomeá-la, o que de facto veio a acontecer. Razão tiveram os construtores de Manhattan que outorgaram às ruas da cidade não o nome de cidadãos ilustres, mas números, sendo a Quinta Avenida a mais célebre.

Salazar, assim como outros ditadores conotados ideologicamente quer com tendências de esquerda quer de direita, impuseram politicamente partidos únicos, cerceando a liberdade individual. Algumas pessoas menos esclarecidas que viveram sob o seu domínio ficaram com a sensação errada de que, durante a sua governação, não havia corrupção. Infelizmente, ela sempre existiu, só que não era divulgada e, para estas pessoas, os abusos praticados pela polícia secreta eram necessários para manter a Ordem. Não compreendem, assim, que se tenha retirado o nome de Salazar à ponte sobre o Tejo.




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