A 9 de outubro de 1867, antecedendo a comemoração do terceiro centenário da morte de Camões, que se celebraria 13 anos mais tarde, é inaugurado, em Lisboa, pelo rei D. Luís e por seu pai, D. Fernando, um monumento a Camões, custeado por subscrição pública.
Esculpido por Vítor Bastos, é constituído por uma estátua em bronze figurativa de Camões com a altura de 4 metros, assente sobre um pedestal oitavado em mármore branco, medindo 7,5 metros de altura.
À volta do pedestal, ostenta 8 esculturas em pedra de lioz com 2,40 metros de altura cada uma, representando os historiadores Fernão Lopes, João de Barros e Fernão Lopes de Castanheda; o cosmógrafo Pedro Nunes; o cronista Gomes Eanes de Azurara e os poetas Vasco Mouzinho de Quevedo, Jerónimo Corte-Real e Francisco de Sá de Meneses.
Os proprietários de diversos estabelecimentos fabris de Lisboa deram folga aos seus operários, para que pudessem assistir a este acontecimento.
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Os ecos desta inauguração chegaram ao norte do país. Na edição do Jornal do Porto do dia seguinte, pode ler-se um artigo datado de 9 de outubro, enviado pelo correspondente daquele jornal em Lisboa:
«A bandeira nacional içada no topo do mastro do castelo de S. Jorge, os navios de guerra surtos no rio Tejo, embandeirados em arco, toda a guarnição de Lisboa vestida de grande uniforme, fechadas todas as repartições públicas, anúncios de se abrirem todos os teatros, tais são os sinais exteriores de que a capital do país está hoje de grande gala.
Praça Luís de Camões e Rua do LoretoImagem do acervo fotográfico da Biblioteca Nacional Digital
Pelas ruas cruza-se a multidão compacta, convergindo para a Praça do Loreto [atual Praça Luís de Camões] pelas muitas ruas e travessas que ali vão dar.
É ali que a dedicação de alguns homens beneméritos, ajudados pela concorrência de quantos, num e noutro hemisfério, falam e escrevem linguagem portuguesa, e até por muitos estranhos, apreciadores do engenho e arte do cantor peregrino, vai hoje inaugurar um monumento de gratidão a quem soube tornar conhecidas e estimadas do mundo inteiro as pessoas e ações da terra em que nasceu.»
In Jornal do Porto n.º 231, de 10-10-1867, p. 3, col. 3
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