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EFEMÉRIDES

Aconteceu a 20 de novembro de 1876



Morte do Duque de Saldanha

O Duque de Saldanha é hoje recordado na toponímia de inúmeras localidades de Portugal. Em Lisboa, o seu nome foi atribuído a uma das mais importantes praças da cidade, no centro do eixo rodoviário Campo-Grande/Avenida da República/Avenida Fontes Pereira de Melo/Marquês de Pombal.

Mais de meio milhão de pessoas passa diariamente nesta praça lisboeta a caminho dos seus empregos ou trabalha na sua envolvência.

No centro da referida praça, ergue-se um monumento a ele dedicado, inaugurado a 18 de fevereiro de 1909.

Qual o contributo dado por este duque a Portugal para merecer tamanha homenagem?

Duque de Saldanha, militar e político

João Carlos Gregório Domingos Vicente Francisco de Saldanha Oliveira e Daun, mais conhecido por Duque de Saldanha, nasceu no Palácio da Anunciada, em Lisboa, a 17 de novembro de 1790.

Era neto, por via materna, de Sebastião José de Carvalho e Melo, primeiro Marquês de Pombal.

Em 1805, quando tinha 14 anos de idade, os pais, pertencentes à alta aristocracia, matriculam-no na Academia Real da Marinha, a fim de seguir a carreira militar. Nesse mesmo ano, assenta praça no Regimento de Infantaria N.º 1, como cadete.

O decreto de 8 de janeiro de 1806 consignava que os filhos militares dos conselheiros de estado recebessem como primeiro posto o de capitão. Como o jovem João Carlos se encontrava nessas condições, é-lhe atribuído, a 24 de junho desse mesmo ano, o posto de capitão adido e, a 17 de agosto de 1807, é promovido a capitão efetivo, com apenas 16 anos de idade, passando a comandar a 8.ª companhia do Regimento de Infantaria n.º 1.

Em novembro desse ano, as tropas francesas comandadas por Junot invadem Portugal, dando início à Guerra Peninsular.

Julgando ser ainda muito jovem e inexperiente para entrar nesta contenda, João Carlos pede a sua demissão do exército, a qual lhe é concedida por decreto de 25 de janeiro de 1808.

No entanto, em agosto desse mesmo ano, quando as tropas britânicas comandadas pelo general Arthur Wellesley desembarcam na baía de Lavos a fim de ajudar Portugal a defender-se desta invasão francesa, João Carlos toma a iniciativa de se incorporar nas forças portuguesas comandadas pelo general Bernardim Freire de Andrade.

Por decreto de 13 de setembro de 1808, da Junta Provisional do Supremo Governo do Reino, volta a comandar a 8.ª companhia do Regimento de Infantaria n.º 1, em operações de apoio às forças britânicas em Portugal.

No desempenho dessas funções, granjeou um elevado prestígio, tendo sido nomeado, aos 18 anos de idade, ajudante-de-campo do general Miranda Henriques.

Convidado a estudar a tática militar do general britânico Beresford, demonstra possuir um elevado grau de aptidão para comandar um regimento com esses conhecimentos, tendo sido, a 9 de dezembro de 1809, nomeado, com distinção, major.

Com os conhecimentos adquiridos, passa a intervir, com sucesso, nos principais combates ocorridos na Guerra Peninsular, granjeando a admiração de militares com mais anos de experiência.

Em 1810, durante a Batalha do Buçaco, repele, no comado de duas companhias, forças francesas muito superiores. Notabiliza-se, igualmente, na Batalha de Salamanca, ocorrida a 22 de julho de 1812, tendo sido promovido a tenente-coronel em setembro desse ano.

Durante o ano de 1813, notabiliza-se nos combates de Carrion e de Muñoz, na Batalha de Vitória, nas tomadas de Beasain e de Tolosa, no assalto à praça de San Sebastián e nas batalhas dos Pirinéus e do Nive.

Aos 23 anos de idade, o futuro Duque de Saldanha já surge como comandante de uma das divisões do exército que cerca Baiona, passando a ser um dos militares mais condecorados do país.

O prestígio que adquire durante a Guerra Peninsular, constituiu um dos principais fatores que o levaram a lançar-se numa carreira político-militar.

É considerado, pela maioria dos historiadores, o mais importante homem de estado do período da monarquia constitucional portuguesa: foi marechal general do exército, par do reino, conselheiro de estado efetivo, ministro plenipotenciário em Londres, mordomo-mor da Casa Real, vogal do Supremo Conselho de Justiça Militar, inúmeras vezes ministro, tendo assumido. entre outras, as pastas da Guerra e dos Negócios da Fazenda, e, por quatro vezes, presidente do Conselho de Ministros de Portugal.

A rainha D. Maria II concedeu-lhe o título nobiliárquico de Duque de Saldanha, por decreto de 4 de novembro de 1846.

O rei D. Luís, por decreto de 3 de outubro de 1862, concedeu-lhe Honras de Parente da Casa Real, com direito a ser tratado por Dom. O mesmo rei, por ordem régia de 21 de novembro de 1880, concedeu-lhe, igualmente, a honra de ser sepultado no Panteão Real de São Vicente de Fora.

O Duque de Saldanha morreu em Londres, a 20 de novembro de 1876, depois de ter dado uma valiosa contribuição ao país como militar e como político.

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