
Em 2019, completaram-se 100 anos sobre a data em que o primeiro voo vindo do estrangeiro poisou no Campo Internacional de Aterragem, situado em Alverca, a 25 Km de Lisboa.
Na década de 1930, o Governo português substitui este Campo Internacional de Aterragem pelo Aeroporto Marítimo de Cabo Ruivo, em Lisboa, assegurando voos transatlânticos operados com hidroaviões.
A 15 de outubro de 1942, é aberto ao tráfego o Aeroporto da Portela, que serve atualmente a cidade de Lisboa, adquirindo, a 15 de maio de 2016, a denominação oficial de Aeroporto Humberto Delgado.
Situado maioritariamente dentro dos limites da cidade, a curta distância do centro histórico da capital, a construção de casas à sua volta tem vindo a limitar a sua expansão, estudando-se, há décadas, a sua mudança para outra localização.
Na década de 80 do século passado, discutia-se se o novo aeroporto deveria ficar na Ota ou em Rio Frio. O Ministro dos Transportes, Viana Baptista, levanta, a 21 de novembro de 1982, sérias dúvidas à construção do novo aeroporto de Lisboa em Rio Frio, na margem Sul:
«Além do custo mais elevado, a zona de Rio Frio apresenta problemas de segurança para os aviões. A curta distância ficam o Campo de Tiro de Alcochete e a Base Aérea do Montijo». O ministro afirma, ainda, que «a transformação da Base Aérea da Ota num aeroporto civil permitiria poupar ao País 40 milhões de contos».
Fonte: Diário Popular n.º 13888, de 22-11-1982, 41.º ano de publicação, p. 3
Volvidos 38 anos sobre esta notícia, a localização do novo aeroporto de Lisboa ainda não é consensual.
Não deixa, porém, de ser curioso verificar que a zona do Campo de Tiro de Alcochete apontada como um dos entraves para a construção em Rio Frio da nova estrutura aeroportuária de Lisboa tivesse acabado por ser, posteriormente, a escolhida para a sua eventual futura localização.
Tendo sido abandonada a construção de raiz de um aeroporto em Alcochete, optou-se pela chamada solução Portela + Um, tendo sido escolhida para esse mais "um" a base aérea do Montijo, em frente a Lisboa, que passaria a ter, para além da sua valência militar um uso civil.
Apesar de já existir um plano estrutural para a construção do Aeroporto do Montijo e os estudos do impacto ambiental, embora com algumas reservas, terem dado pareceres positivos, as respetivas obras ainda não se iniciaram.
O atual aeroporto de Lisboa passou a ser servido, desde 17 de julho de 2012, por uma estação de metro e continua a expandir-se com novas portas de embarque ligadas diretamente aos aviões e com a constante melhoria dos espaços interiores.
Em breve Lisboa ultrapassará os 50 milhões de passageiros por ano.
Concluída a ampliação do Humberto Delgado, será necessário construir um novo aeroporto de raiz ou aproveitar um outro já existente para o complementar. Até há pouco tempo, essa função iria ser desempenhada pela base aérea do Montijo, mas problemas ambientais inviabilizaram este plano, voltando tudo à estaca zero.
Se este assunto não foi resolvido rapidamente, a região de Lisboa poderá perder milhões de turistas, com reflexo imediato na economia.
Está na altura de perguntar:
Se Portugal já tivesse construído, na Região de Lisboa, um novo aeroporto de raiz, as verbas nele despendidas seriam rapidamente recuperadas através de um maior desenvolvimento do País ou, pelo contrário, teria ocasionado uma irrecuperável situação económica?
Estamos a reunir, num único local, os artigos sobre Aeronáuica que têm vindo a ser publicados, com regularidade, no âmbito das Efemérides.